Renato Pincelli tem 30 e poucos anos, o que o torna um tiozão no mundo do K-Pop. Ou oppa/hyung, caso você já saiba o que isso significa. Fascinado pelo sistema de escrita Hangul, passou a apreciar o pop sul-coreano a partir do fim de 2017 e está tentando aprender o idioma de Psy (o primeiro k-pop a gente não esquece).
Um sol azulado e estrelas púrpuras. Areias róseas. Um mar iridescente sobre o qual se pode andar. Flores que dançam e batem papo com tartarugas. E de algum lugar uma voz que diz: "vamos festar a noite toda". São essas as imagens e sensações evocadas pela letra de 𝘐𝘭𝘭𝘶𝘴𝘪𝘰𝘯, do ATEEZ. Algumas ilusões são assim, boas: não sabemos ao certo se estamos sonhado ou não, mas nos entregamos a elas e não queremos ser acordados. O clipe tem uma estética lúdica, com uma paleta que reflete as cores mencionadas na letra e um estilo que lembra as ilustrações de um livro infantil. Mas 𝘐𝘭𝘭𝘶𝘴𝘪𝘰𝘯 também pode ser lida de maneira mais adulta.
Como indica o barco voador que acaba numa ilha deserta, esta música faz parte do contexto de navegação e pirataria que marca os primeiros álbuns do ATEEZ. Neste caso, portanto, a ilusão pode ser doce mas também perigosa. A atmosfera onírica pode muito bem ser fruto de uma festança regada a rum — e terminar na ressaca de um naufrágio.
San bebeu muito rum e esqueceu pra que serve uma lupa. O fósforo do Wooyoung é mais sério, pois vai reaparecer em Wonderland.
Apesar disso, o tom geral é de encanto, de deslumbramento. Se a mensagem pudesse ser resumida numa expressão simples seria: "se joga". Sem arrependimento, sem culpa, o que talvez fique pra depois. Essa intenção positiva é reforçada pela melodia da composição.
𝘐𝘭𝘭𝘶𝘴𝘪𝘰𝘯 começa com a suavidade de Yeosang descrevendo a visão de sonho, passa pela incredulidade de Hong Joong ("abro e fecho meus olhos"), que logo fica deslumbrado feito um Colombo e a confusão do Jongho, que logo se perde na contagem dos dias.
Jongho: perdendo as contas dos dias a bordo da nau voadora.
Minha parte preferida, porém, é o rap de Mingi no meio da música, que vai crescendo em energia até explodir em 눈부셔 눈부셔 눈부셔 oh 부셔 . Se você não repetir esse 𝘯𝘶𝘯𝘣𝘶𝘴𝘺𝘦𝘰 𝘯𝘶𝘯𝘣𝘶𝘴𝘺𝘦𝘰 𝘯𝘶𝘯𝘣𝘶𝘴𝘺𝘦𝘰 𝘰𝘩 𝘣𝘶𝘴𝘺𝘦𝘰, está curtindo errado.
Mingi, durante as gravações de Illusion: não parece, mas seu rap é matador.
E o figurino? Não há do que reclamar nesse aspecto. As roupas usadas no clipe são bastante coloridas, bem soltas e combinam com o clima de diversão — destaque para o casacão vermelho do Hong Joong, um dos melhores 𝘰𝘶𝘵𝘧𝘪𝘵𝘴 que ele já usou.
Hong Joong ruivo e de casacão, eu te venero!
Não sou especialista em dança, mas acho que a coreografia fica um pouco a dever (ao menos no videoclipe). A dança é mostrada mais claramente no início do vídeo mas, à medida que se desenvolve, vai sendo interrompida pelos cortes e interrupções cada vez mais frequentes. Essa falha, no entanto, parece intencional: tem o objetivo de nos causar a mesma confusão criada por uma ilusão.
A coreografia sofre com os múltiplos cortes do clipe. Mas isso não é necessariamente um defeito.
Por fim, esta música tem um ritmo bem #sextou, mas é recomendável para qualquer dia da semana, especialmente para aqueles momentos em que você precisa de uma injeção de ânimo — como neste domingo de frio e cinzento em que escrevo tudo isso.
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