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Quando você é um divulgador científico, encontra referências à ciência em qualquer lugar — até num clipe de K-Pop. Hoje apresento aqui um texto que escrevi sobre isso há muito tempo numa comunidade de fãs. [Inseri alguns complementos entre colchetes]. 

Demorei a pegar gosto de "Clé 1: Miroh" [álbum do Stray Kids lançado em Março de 2019] , mas ao ouvir "Chronossaurus" a paixão foi imediata. O nome é maravilhoso e deixa claro o conceito da música: o tempo.



"Chronos" vem do grego e significa exatamente tempo. Também de origem grega, "Saurus" quer dizer lagarto. Entretanto depois que descobrimos a existência de grandes répteis pré-históricos, sauro tornou-se o sufixo usado para dar nome a quase todos aqueles bichões fossilizados. Chronossaurus, portanto, seria um excelente nome pra um dinossauro.


Kronossauros: ocupante do espaço dos tubarões na pré-história e uma boa analogia para a voracidade do tempo.



Fui pesquisar se alguma criatura já havia recebido esse nome e descobri que não era um dinossauro. O Kronosaurus (essa é a grafia correta do nome científico) foi um grande réptil marinho que viveu no Oceano Pacífico há uns 100 milhões de anos. Com quase 10 metros de comprimento (porte maior do que um tubarão), o Kronossauro cumpria o mesmo papel e ficava no topo da cadeia alimentar dos mares pré-históricos.

Era impossível fugir dele. Esse gigante submarino foi descoberto na Austrália — e deve ter sido a inspiração pro Bang Chan [que é coreano-australiano] na composição dessa música.

Fotografia em preto-e-branco: referências ao cinema mudo e mesmo à ciência pré-cinematográfica.



Entretanto, essa não é a única referência científica de "Chronosaurus". O MV também traz referências que não pude deixar de perceber. A primeira e mais clara delas é o uso da fotografia em preto-e-branco, com cada membro cantando cercado por engrenagens em movimento.

Mais do que indicar o mecanismo de um relógio, esses trechos podem ser vistos como uma influência do filme Tempos Modernos, no qual Charlie Chaplin, esmagado por engrenagens, faz uma sátira à automatização do trabalho e à pressão de produzir cada vez mais em menos tempo.

Por fim, a terceira referência científica de "Chronossaurus" vem da História da Fotografia. Por fim, a terceira referência científica de Chronossaurus vem da História da Fotografia. As imagens de um cavalo em movimento, que andam e param no clipe, foram feitas nos anos 1880 por Eadweard Muybridge (1830-1904). 

Muybridge: engenhosidade fotográfica para esclarecer o movimentos dos animais.



Apesar do nome complicado, esse pioneiro da fotografia fez algo muito especial: usou fotos para registrar e estudar o movimento de pessoas e animais. No caso dos cavalos, isso era feito com uma fileira de câmeras instaladas ao lado de uma raia. Cada máquina tirava uma foto do animal em movimento. O sistema era muito simples: uma corda sensível era estendida junto ao chão e ligada a uma câmera. Quando era pisada ou balançada pelo ar, a corda fazia a câmera disparar. 

Assim, foi possível registrar cada etapa do movimento fotografado. Foi graças a isso que Muybridge descobriu, por exemplo, que os animais quadrúpedes conseguem voar brevemente, pois há um instante em que nenhuma pata toca o solo. 

Zoopraxiscópio: o bisavô do filme de cinema.



Muybridge também percebeu que poderia criar a ilusão de movimento se mostrasse as fotos sequenciais na velocidade correta. Criou, para isso, um aparelho chamado Zoopraxiscópio, onde cada imagem ocupava parte de um disco. Girado no ritmo certo, o disco mostrava o movimento de uma pessoa ou animal. 

Assim foi descoberto o princípio do registro de imagens em movimento. Mais tarde, surgiram câmeras capazes de fotografar muitíssimas fotos numa mesma máquina — mas aí começa a História do Cinema e é melhor parar por aqui.

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